Artes Indígenas Brasileiras e Suas Características

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As artes indígenas brasileiras são as artes que os povos nativos do Brasil produziam antes, durante e depois da colonização portuguesa. No Brasil há uma grande diversidade de tribos indígenas, e no geral elas se destacam na arte da cerâmica, trançado e enfeites corporais.
O conceito de arte é estranho aos índios, uma vez que os povos indígenas não têm uma palavra que designe “arte”. Mesmo assim, os objetos indígenas exercem fascínio na civilização ocidental desde que esta entrou em contato com os povos tribais até então desconhecidos, por serem originais, misteriosos e exóticos. Esses objetos artísticos são dotados de simbologias, sejam elas sociais ou ritualísticas, de caráter sobrenatural e sagrado.
A principal diferença entre a arte indígena e a arte contemporânea ocidental talvez seja o fato da primeira possuir um caráter tradicional, ensinado e passado de geração para geração, além do forte utilitarismo que o permeia. Cada tribo tem suas crenças e tradições, e os objetos artísticos são um bom indicador desse fato. Através deles nós podemos distinguir as diferenças entre os povos indígenas, assim como seus costumes e folclores. A preocupação não é a de buscar novas criações, mas sim de manter as tradições herdadas e suas simbologias. Apesar disto, nós podemos notar e reconhecer marcas distintas nas obras, marcas estas deixadas pelas mãos dos artistas, que ensinarão suas tradições aos demais.
Outra diferença entre a chamada arte indígena e arte ocidental é que a segunda geralmente busca o desfrute estético, através de sua existência. Já a arte indígena quase sempre tem a finalidade de ser utilizada como um artefato, é dotada de um significado mais prático, não apenas para ser visto e apreciado. A sensibilidade dos índios, assim como a capacidade deles saberem e distinguirem o que é beleza, é bastante visível. Seus objetos decorados e entalhados, suas cerâmicas e cestarias, os ornamentos corporais, as pinturas, as músicas, as danças, os instrumentos musicais, todos eles têm funções específicas bem definidas, como se fossem uma linguagem não-verbal, de domínio público. Eles têm o poder da comunicação!
Vasos de cerâmica

Os materiais utilizados nas artes indígenas são os que a natureza oferece: madeiras diversas, caroços, fibras, sementes, cipós, folhas de palmeiras, frutos, palhas, resinas, couros de animais, plumas coloridas, ossos, dentes, garras e conchas, dentre outros. Essa quantidade de matéria-prima abre um leque de possibilidades e variações de criação, desde um cocar até o remo de um barco, um arco para flechas, estacas, chocalhos e máscaras.
As peças de cerâmica são um grande exemplo dos costumes indígenas. A Ilha de Marajó, por exemplo, tem peças de cerâmicas que são divididas em dois tipos: Santarém e Marajoara.  As peças de Santarém apresentam tamanho pequeno, porém bem trabalhado. Já as peças Marajoaras apresentam tamanho grande e normalmente contém pinturas de deuses ou animais, sempre contendo cores avermelhadas.

 

As máscaras indígenas têm caráter duplo, uma vez que são artefatos produzidos por homens, mas representam entidades sobrenaturais, como deuses, por exemplo. Geralmente são feitas com troncos de árvores, cabaças e palhas, mas podem apresentar plumagens também. São usadas em danças, festas e rituais, seja para comemorar algo, seja para afastar espíritos malígnos, ou até mesmo para manter a ordem no nosso mundo.
Os índios pintam seus corpos com a tinta avermelhada do urucum, a tinta negra esverdeada do suco do jenipapo e a tinta branca da tabatinga. O significado da escolha dessas cores é da pintura corporal representar a alegria presente nas cores vivas e intensas da natureza.
A seguir, veja alguns artefatos artísticos das tribos brasileiras:

Urna Funerária Marajoara

Urna Funerária Marajoara

 

Os Marajoaras foram uma tribo presente na Ilha do Marajó. Essa urna funerária é de era pré-cabralina, ou seja, antes da chegada dos portugueses ao Brasil. Deve ter sido feita entre os anos 1000 e 1250 D.C., e seu material é argila.

 

Cerâmica Tupi-Guarani

ceramica tupi guarani

 

Os Tupis habitavam a costa brasileira no século XVI. Estas peças de cerâmica são da era pré-cabralina.

 

Vestes Cerimoniais e Cestaria dos Wayana-Aparai

Vestes-Cerimoniais-Cestaria-dos-Wayana-Aparai

 

Os Aparai e os Wayana são povos de língua karib que habitam a região de fronteira entre o Brasil (rio Paru de Leste, Pará), o Suriname (rios Tapanahoni e Paloemeu) e a Guiana Francesa (alto rio Maroni e seus afluentes Tampok e Marouini)

Maracas Desanas

Maracas Desanas

 

Os Desanos são um grupo indígena que habita no Noroeste do estado brasileiros do Amazonas. Os índios tupis que habitavam a maior parte do litoral brasileiro no século XVI veneravam as maracas como deuses. Cada índio possuía suas maraca particular, que era guardada em um aposento próprio, após a maraca ter sido consagrada pelo pajé. À sua maraca particular, os índios dirigiam suas preces e pedidos.

Máscara e arte plumária Kayapó

Máscara e arte plumária Kayapó
Máscara e arte plumária Kayapó

 

Os Kayapós são uma tribo da região amazônica.

Uma curiosidade: a origem do mundo, segundo o povo Nheengatu.

“…No princípio, contam, havia só água, céu.
Tudo era vazio, tudo noite grande.
Um dia Tupana desceu de cima no meio de vento grande, quando já queria encostar na água saiu do fundo uma terra pequena, pisou nela.
Nesse momento Sol apareceu no tronco do céu, Tupana olhou para ele. Quando Sol chegou no meio do céu seu calor rachou a pele de Tupana, a pele de Tupana começou logo a escorregar pelas pernas dele abaixo. Quando Sol ia desaparecer para o outro lado do céu a pele de Tupana caiu do corpo dele, estendeu-se por cima da água para já ficar terra grande.
No outro Sol [no dia seguinte] já havia terra, ainda não havia gente.
Quando Sol chegou no meio do céu Tupana pegou em uma mão cheia de terra, amassou-a bem, depois fez uma figura de gente, soprou-lhe no nariz, deixou no chão. Essa figura de gente começou a engatinhar, não comia, não chorava, rolava à toa pelo chão. Ela foi crescendo, ficou grande como Tupana, ainda não sabia falar.
Tupana, ao vê-lo já grande, soprou fumaça dentro da boca dele, então começou já querendo falar. No outro dia Tupana soprou também na boca dele, então, contam, ele falou. Ele falou assim:
– Como tudo é bonito para mim ! Aqui está água com que hei de esfriar minha sede. Ali está fogo do céu com que hei de aquecer meu corpo quando ele estiver frio. Eu hei de brincar com água, hei de correr por cima da terra; como o fogo do céu está no alto, hei de falar com ele aqui de baixo.
Tupana, contam, estava junto dele, ele não viu Tupana.”

 

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